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domingo, 17 de outubro de 2010

Cannibal Capers (Mar. 13, 1930)

   Este é um dos meus favoritos, como espectadora e como educadora. É interessante pensar como Walt Disney representou a África e afrodescendentes em seus desenhos, sobretudo em comparação à última produção que apresenta sua primeira princesa negra (só para constar é uma belíssima animação, como há muito o estúdio não produzia, todo feito de forma tradicional - 2D.). Claro que as abordagens são bem diferentes, de aborígenes antropofágicos até os talentosos músicos de New Orleans, ao sul dos EUA. O novo desenho da Disney, traz vários elementos da cultura afro para a atualidade: o jazz, o blues e ainda o "vudu" (ou magia negra, sei lá). Já nosso silly, o primeiro sem Ub Iwerks e Carl Stalling, mantém a música clássica (e neste em particular temos as já utilizadas Habanera da ópera Carmen; Marche funèbre d'une marionnette de Gounod, sendo apenas inédito Moments musicaux de Franz Schubert) e combina com, não sei bem como, um africano estereotipado (boca alargada, vestimenta de palha, o "penteado" para cima).



   A partir deste Silly pode-se pensar como deu-se a corrida imperialista do século XIX e a disseminação, no mesmo período, do chamado "racismo científico" (tentativa de provar a superioridade de uma etnia sobre a outra a partir do biotipo, sendo este último fator determinante no caráter e inteligência do indivíduo - que absurdo!)



   Tecnicamente falando, este Silly é inovador pelo uso de uma nova câmera, comprada da Universal Pictures (em substituição da Pathé utilizada desde 1923), que possibilitou novos ângulos no curta. O diretor Burt Gillett manteve seu foco em brincar com a câmera e ver que coisas poderiam ser feitas, mantendo o nível Silly, contudo descaracterizado em relação aos anteriores.



Produção: Walt Disney
Direção: Burt Gillett
Animação: Les Clark, Floyd Gottfredson, Jack King, Ben Sharpsteen, Johnny Cannon, Tom Palmer, Norman Ferguson, Wilfred Jackson
Música: Bert Lewis
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