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sexta-feira, 1 de abril de 2011

Night (Abril 28, 1930)

Segundo alguns críticos esse Silly foi a retomada do modo 'Ub Iwerks' de animação, aparentemente perdida em Cannibal Capers. O curta, ao tratar da noite e alguns de seus frequentadores mais assíduos (corujas, sapos, mosquitos, etc.), é leve e divertido, muito similar aos da série "Quatro Estações". 
Acredito que o grande trunfo desta animação seja a escolha musical. Sua introdução (desde os créditos iniciais) é abrilhantada pela obra de Ludwig van Beethoven, Moonlight Sonata (nada mais noturno que a luz da lua), interrompida pela valsa Danúbio Azul, de Strauss, seguindo com divertidas melodias até ter uma das mais tradicionais músicas de ninar (Rock-a-bye Baby) entoadas por um grupo de sapos. 
Enfim, trilha bem característica de ações noturnas, seja pra quem vagueia pela noite ou percorre o Sonhar*. Era isso.. boa noite!




Produção: Walt Disney
Direção: Burt Gillett

Animação: Les Clark, Jack King, Johnny Cannon, Tom Palmer, Wilfred Jackson, Dave Hand, Norman Ferguson
Música: Bert Lewis


p.s. o filme foi anunciado em 28 de abril, mas seu lançamento pela Columbia Pictures só ocorreu em 31 de julho daquele ano.


* Referência ao conjunto da obra de Neil Gaiman, Sandman. Para quem não conhece, vale a  pena conferir.

domingo, 17 de outubro de 2010

Cannibal Capers (Mar. 13, 1930)

   Este é um dos meus favoritos, como espectadora e como educadora. É interessante pensar como Walt Disney representou a África e afrodescendentes em seus desenhos, sobretudo em comparação à última produção que apresenta sua primeira princesa negra (só para constar é uma belíssima animação, como há muito o estúdio não produzia, todo feito de forma tradicional - 2D.). Claro que as abordagens são bem diferentes, de aborígenes antropofágicos até os talentosos músicos de New Orleans, ao sul dos EUA. O novo desenho da Disney, traz vários elementos da cultura afro para a atualidade: o jazz, o blues e ainda o "vudu" (ou magia negra, sei lá). Já nosso silly, o primeiro sem Ub Iwerks e Carl Stalling, mantém a música clássica (e neste em particular temos as já utilizadas Habanera da ópera Carmen; Marche funèbre d'une marionnette de Gounod, sendo apenas inédito Moments musicaux de Franz Schubert) e combina com, não sei bem como, um africano estereotipado (boca alargada, vestimenta de palha, o "penteado" para cima).



   A partir deste Silly pode-se pensar como deu-se a corrida imperialista do século XIX e a disseminação, no mesmo período, do chamado "racismo científico" (tentativa de provar a superioridade de uma etnia sobre a outra a partir do biotipo, sendo este último fator determinante no caráter e inteligência do indivíduo - que absurdo!)



   Tecnicamente falando, este Silly é inovador pelo uso de uma nova câmera, comprada da Universal Pictures (em substituição da Pathé utilizada desde 1923), que possibilitou novos ângulos no curta. O diretor Burt Gillett manteve seu foco em brincar com a câmera e ver que coisas poderiam ser feitas, mantendo o nível Silly, contudo descaracterizado em relação aos anteriores.



Produção: Walt Disney
Direção: Burt Gillett
Animação: Les Clark, Floyd Gottfredson, Jack King, Ben Sharpsteen, Johnny Cannon, Tom Palmer, Norman Ferguson, Wilfred Jackson
Música: Bert Lewis

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Autumn (Fev. 13, 1930)

   O terceiro da série "Quatro Estações" e o último de Ub Iwerks e Carl Stalling juntos. Segundo Ryan Kilpatrick, Iwerks havia assinado um acordo para montar seu próprio estúdio, contudo sem que ele soubesse, o negócio foi criado pela Pat Powers, que esperava usá-lo para pressionar Disney em um contrato menos rentável. O plano falhou: Ib Iwerks produziu mais alguns curtas para Walt Disney e Pat Powers continuou até início de 1933. Coincidentemente, Carls Stalling, por motivos desconhecidos, acabou afastando-se, indo trabalhar alguns anos depois para Warner Bros.
   Intrigas à parte, este curta segue a linha das outras duas estações já apresentadas (Springtime e Summer), contudo, este apresenta um enredo. Diferentemente dos outros, não é só música & dança, mas há um fundamento: os animais (ursos, esquilos, patos, corvos, etc.)  preparam-se para o inverno, que chega ao final da animação. 
    Não é um dos meus preferidos, mas tem seu valor, sobretudo, musical... Carl Stalling para sua despedida apresentou Valse Arabesque, de Théodore Lack e Murmuring Brook, de Edouard Poldini.



Produção: Walt Disney
Direção: Ub Iwerks
Animação: Ub Iwerks, Les Clark, Johnny Cannon, Wilfred Jackson
Música: Carl Stalling

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Summer (jan. 16, 1930)

Início da década de 30, o mundo começa a sofrer os abalos de 1929. Em meio a grande depressão nos EUA, o que parece é que os estúdios Disney não foram atingidos: foram 10 produções no ano de 1930, basicamente uma por mês. Não achei dados sobre gastos e faturamento do estúdio que pudessem demonstrar o quanto (e se) a crise afetou a indústria cinematográfica, mas sabe-se que foi uma virada decisiva para Walt Disney. Neste ano foi marcado pela saída de Carl Stalling (e posteriormente de Ub Iwerks), em janeiro de 1930,  e pelo cancelamento do contrato com a Pat Powers em benefício da empresa Columbia Pictures, ascendendo vertiginosamente.


Para aquecer o inverno daquele ano, a Silly lançou Summer, uma animação bem característica de Ub Iwerks (exploração do cenário/ambiente, muitos personagens e o quarteto básico de dançarinos). Quanto às melodias Carl  utilizou-se de passagens do ballet La Source, de Léo Delibes e Darkies' Dream, de George Lansing para atribuir à este curta muita leveza.

Produção: Walt Disney


Direção: Ub Iwerks
Animação: Ub Iwerks, Les Clark, Johnny Cannon, Wilfred Jackson
Música: Carl W. Stalling

domingo, 12 de setembro de 2010

     Não há dúvida que a Silly Symphonies foi um sucesso de público, e uma das provas está no fato de que a maioria dos estúdios concorrentes a Disney na época foram muito influenciados por ela do que pelas séries de Mickey Mouse ou Pato Donald. A partir da década de 1930, vários estúdios passaram a criar curta-metragens misturando animação e música. O primeiro a aventurar-se foi Leon Schlesinger da Warner Bros., inaugurando a série Looney Tunes (Pernalonga, Patolino, etc...), cujo primeiro curta-metragem, Sinking in the Bathtub, dirigido por Hugh Harman e Rudolf Ising (ex-Disney), foi lançado em maio de 1930. 


   Sinking in the Bathtub, 1930. Warner Bros.

     Em 1931, Harman e Ising criam uma outra série na Warner Bros., Merrie Melodies e estreia Lady, Play your Mandolin! 


      Em 1934, insatisfeito com a Warner, Harman e Ising fundam seu próprio estúdio e assinam um contrato com a Metro-Goldwyn-Mayer para o lançamento da série Happy Harmonies.


The Old Pioneer, 1934. Warner Bros.

     Uma das poucas séries concorrentes não relacionada com Harman e Ising, é a Color Classics, de Fleischer Studios, lançada em 1934. Esta série nasceu após a necessidade de produção deste estúdio, já que seu carro-chefe, Betty Boop, havia sofrido reduções pela censura (Motion Picture Production Code).


Poor Cinderella, 1934. Color Classic.

    Um ponto de semelhança é o título das séries que os concorrentes, também baseado no conceito da música e da loucura:
  • Looney Tunes, da Warner Bros.
  • Merrie Melodies, da Warner Bros.
  • Happy Harmonies, de Harman-Ising, pelos estúdios Metro Goldwyn Mayer.
  • Color Rhapsodies, Columbia Pictures.
  • Classics Color, da Fleischer Studios.
  • Swing Symphonies, da Walter Lantz Productions.

          Nesta onda de imitações criações, podemos encontrar algumas semelhanças entre elas e a Silly:
    • Lulaby Land (1933) com a sua decoração do berçário foi a inspiração para o The Calico Dragon (1935), dirigido por Hugh Harman e Rudolf Ising - MGM.
    • Birds in the Spring (1933) foi inspiração para The Songs of the Birds (1935), dos estúdios Fleischer.
    • Old King Cole (1933) carrega uma lista: Mother Land Goose (1933 – Fleischer), Merry Old Soul (1935 – Warner), Hey-Hey Fever (1935 - Estúdios MGM e Harman-Ising).
    Ou ainda Skeleton Frolics (1937), dirigido por Ub Iwerks para Color Rhapsodies... não é preciso mencionar sua influência.


    Skeleton Frolic, 1937. Color Rhapsodies.

       A qualidade e criatividade Silly são incomparáveis, só poderia ser copiada mesmo! Por fim, imitação ou não, o público foi quem saiu ganhando, com uma gama de produções que povoam a infância de muitos de nós.

    quinta-feira, 2 de setembro de 2010

    The Merry Dwarfs (Dez. 19, 1929)



          Apesar de parecer totalmente longínquo, este curta me lembra muito os Smurfs (1958), até porque os personagens da animação Disney não me parecem anões, mas duendes, já que seu tamanho diante de insetos e flores é desproporcional. A estrutura, enfim, deste Silly e dos Smurfs é muito parecida: seres parecidos fisicamente, com funções devidamente divididas, moradores de uma vila na floresta, onde habitam casas-cogumelos (não tem como não lembrar dos amigos azuis!).



            Mas voltando ao Silly, apenas agora me dei conta que a série até o momento não é, como se diz, "politicamente correta", muito menos seria indicada para as crianças de hoje (mais um motivo para o interesse aumentar)... as animações de 1929 perpassam por temáticas "macabras" (com cenários que vão do cemitério ao inferno), pela morte de personagens (tanto por costumes, como em El Terrible Toreador, quanto pelas forças da natureza, em Springtime) e fecha com chave de ouro com duendes anões dançando e caindo de bêbados. Acho que devo rever os conceitos de "ingênuo" da série.... hehehe.






    Produção: Walt Disney.
    Direção: Ub Iwerks.
    Animação: Ub Iwerks, Les Clark, Johnny Cannon, Wilfred Jackson.
    Música: Carl W. Stalling. DESTAQUE deste curta para Le Trouvère, de Guiseppe Verdi.

    segunda-feira, 23 de agosto de 2010

    Hell's Bells (Out. 30, 1929)

      Embalada por Frülingslied de Mendelssohn e Marche Fùnebre pour une Marionnette de Gounod, esta animação mostra o Submundo, com direito a morcegos, aranhas e serpentes. Mas destaco a  banda de diabinhos e o lanchinho de Cérbero, o mitológico cão de três cabeças que guarda as portas do Inferno.
           Curiosamente a composição Marche Fùnebre... é a mesma escolhida por Hitchcock para ser a música tema de seu programa de tv "Alfred Hitchcock Presents" (1958-1962) e posteriormente o "The Alfred Hitchcock Hour" (1962-1965). Quando questionado sobre sua escolha, Hitchcock respondeu ser a trilha de um de seus filmes preferidos "Sunrise - A song for two humans" (1927), de F.W. Murnau. Inclusive este cineasta está na história da série Silly desde sua criação, o curta "Skeleton Dance" (o primeiro da série) teve sua première  no Carthay Circle Theater em junho de 1929, em Los Angeles, antes do filme "4 Devils", de Murnau. Após este ensaio, a Columbia Pictures aceitou produzir as Silly Simphonies.



    p.s. Para terminar dê uma olhadinha no post Springtime, no link de "Flip, the frog" (1930), e surpreenda-se com o "acaso".

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